O Acordo Ortográfico que deverá entrar em vigor em janeiro de 2009, mediante assinatura do presidente Lula, só veio pra me aborrecer.
Em todo meio acadêmico o que rola é a vaidade. Gramáticos e lexicógrafos não se entendem na hora de elaborar dicionários e regras ortográficas.
Um exemplo é a palavra "berinjela".
Fui alfabetizada com a minha professorinha nos ensinando que berinjela se escreve com "J" e não com "G", porque esse legume lembra a forma da letra "J".
Pois bem.
No dicionário Aurélio, o verbete "berinjela" aparece com "J".
No dicionário Houaiss, o verbete "beringela" aparece com "G".
No Caldas Aulete Digital, aparece das duas formas, mas na primeira edição impressa só aparece com "J".
No Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa só há a forma "berinjela".
Se nem os letrados, gramáticos e lexicógrafos da própria Academia Brasileira de Letras se entendem com um simples verbete, imagina então com as regras e o uso do hífen.
Agora, confesso com todas as letras: EU ODEIO HÍFEN!!!!
Muita gente acha que o vilão dessa história de ortografia é o trema. Mas eu discordo veementemente.
Sergio de Carvalho Pachá, lexicógrafo-chefe da Academia Brasileira de Letras, é um dos poucos lúcidos sobre o Acordo Ortográfico. Diz ele:
"Uma das mais notórias falhas do sistema ortográfico de 1943, ainda vigente, com as modificações nele introduzidas em 1971, diz respeito às regras que governam o uso do hífen. Em matéria de arbitrariedade e incoerência, acredite, elas são verdadeiramente imbatíveis."
Num outro dia, descarrego a lista com as regras e as mil exceções do uso do hífen em palavras compostas. Por enquanto, veja estes exemplos: anti-histórico e aistórico; autoescola e auto-observação; sobre-humano e subumano.
Ninguém merece!