Tem um professor muito sábio, querido e gentil. Educadíssimo. Elegância de berço. É fidalgo. E como se isso não bastasse, escreve bem pra caramba. É elegante até na escrita. Ele consegue o mais difícil: escreve eruditamente simples. Além disso, ele é muito cioso, detalhista e perfeccionista em tudo. Mas não é do tipo chato que exige o mesmo do outro. Não. Ao contrário. Ele exige demais dele mesmo.
Pois bem. Tinha de passar pra ele a última revisão do livro de sua autoria antes de mandarmos pra gráfica. O tempo era curto. Ele estava com a agenda lotada. Decidimos de comum acordo que ele passaria a Páscoa revisando de ponta a ponta, fazendo uma varredura minuciosa para corrigir o máximo de erros possível. Ele assumiu a responsabilidade e na segunda-feira pós-feriado recebi por e-mail o arquivo.
O tempo era curto. Reencaminhei o e-mail direto pra gráfica.
Hoje, ao folhear as páginas revisadas, vejo uma correção com uma justificativa ao lado:
"Conforme o dicionário Aurélio, esta palavra tem hífen: semi-alfabetizado".
O-OH...
Ele desfez o que a revisora havia corrigido. Pela Nova Ortografia da Língua Portuguesa, agora é uma palavra única e se escreve assim: semialfabetizado.
Eita...
Quando ele ler o e-mail que mandei... não vai nem conseguir dormir, cioso que é.
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